O “Home Office” – do inglês “escritório em casa” – é bastante comum nos Estados Unidos e na Europa e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Teletrabalho, por aqui já cresce 10% ao ano. O modelo passou rapidamente de tendência a realidade e traz benefícios notórios para a empresa e também para o profissional; mas requer uma série de cuidados e muito planejamento para ter sucesso.
Atualmente, a Adriana Catapano, gerente de negócios da Ticket, trabalha grande parte o tempo na casa dela. Mas até 2008, teve horário fixo e um modelo de emprego bastante tradicional dentro do escritório. Como se estivesse na empresa, ela dedica (em média) oito horas do dia ao trabalho. Ainda que às vezes sinta um pouco de falta do ambiente do escritório e da troca de experiência com os colegas, gosta muito do modelo de trabalho à distância e preferiria não ter que voltar atrás.
"Em alguns momentos você se sente mais produtivo porque você faz o trabalho no seu momento, na sua hora. Mas você tem de ter um pouco de disciplina para conseguir cumprir tudo o que você precisa, dentro do que foi combinado com as empresas com que você trabalha", diz.
A empresa que ela trabalha oferece a grande parte dos seus funcionários a possibilidade de trabalhar em casa. E, de acordo com uma pesquisa interna, mais de 90% dos que adotaram o home office não voltariam para o dia a dia do escritório. Mas não é qualquer um que tem perfil para trabalhar neste modelo; é imprescindível que o profissional que opte pelo trabalho à distância tenha muito foco e disciplina.
"Eles são orientados a ter a disciplina como se eles estivessem indo para o escritório: acorda, toma banho, coloca sua roupa e senta para trabalhar. E nós acreditamos que eles fazem isso", comenta Edna Bedani, diretora de RH da Ticket. "Eles aprenderam a ter a disciplina e uma relação com a organização à distância."
Disciplina, para a Adriana, não é problema... ainda que esteja em casa, ela tem todo um ritual antes de começar seu o dia. "Eu me preparo mesmo para trabalhar: acordo, me arrumo como se fosse sair, sento e começo. O interessante é que, muitas vezes, eu já me arrumei e comecei a trabalhar e paro para tomar café, e em uma situação de visita eu concluo a preparação com uma maquiagem, cuido melhor do visual", diz ela.
Outro ponto importante para ter sucesso e atingir metas trabalhando no esquema de home office é a colaboração e compreensão da família; é preciso entender que ainda que esteja em casa, durante as horas comerciais, sim, ela está trabalhando.
"Hoje eu e meu esposo trabalhamos em home office e nós temos um combinado de que no momento em que estamos trabalhando não dá pra parar para falar de assuntos que não sejam do trabalho. Quando ele está fazendo atendimento em casa eu também não interfiro. É uma forma de manter o trabalho produtivo", explica a gerente.
"[A pessoa] tem de ser independente, saber resolver os problemas - porque em casa não vai ter o apoio da empresa. Não pode deixar que a família invada a área de trabalho... não é fácil", declara Álvaro Mello, professor da Business School São Paulo.
As empresas que oferecem modelos flexíveis de trabalho aos seus funcionários só têm a ganhar, mas é preciso investir no modelo e não simplesmente adotá-lo informalmente para agradar os funcionários ou resolver um problema interno.
"Aumenta a produtividade na empresa, isso está constatado", declara Mello. "Quando é disciplinado e a pessoa é treinada, ela realmente apresenta um resultado muito bom para a empresa. Há redução de custo porque você não precisa necessariamente manter uma área na empresa onde todos estão no mesmo horário, então a mesma mesa pode ser usada por várias pessoas, em dias alternados."
A empresa tem o direito de cobrar metas e resultados, mas, por outro lado, precisa oferecer uma infraestrutura mínima para o trabalhador; tanto para montar um mini-escritório em casa, como oferecer todos os recursos que ele vai precisar durante sua jornada.
Antes de começar a trabalhar em casa, a Adriana recebeu uma verba para comprar mesa e cadeira, recebeu também um smartphone corporativo, um computador e até impressora. Mais do que isso, mensalmente ela recebe ajuda de custo para as despesas com a conta de luz e de internet. Do ponto de vista tecnológico, para que ela possa manter contato constante com a empresa, foram implantados todos os sistemas operacionais necessários para o trabalho, internet banda larga, internet security e servidores.
"Porque sem a tecnologia fica bastante difícil sustentar esse modelo por muito tempo", lembra Edna. "A tecnologia precisa ajudar e precisa ser renovada sempre que possível. A cada dois anos a gente troca nosso parque tecnológico (computador, telefone...) para que eles possam ter todas as ferramentas necessárias e fazer o trabalho com qualidade e no prazo que a gente precisa."
Já do lado do profissional, o primeiro benefício é indiscutível: qualidade de vida. "1º: eles não têm de perder tempo se locomovendo até o escritório; 2º: começaram a se organizar um pouco mais e organizar a própria vida, podendo fazer outras coisas que eles não faziam antes - como ir a uma academia, passear no parque, chegar em casa à luz do dia..."
Para Mello, além da empresa e do indivíduo, a própria sociedade é beneficiada. "No fundo, você retirou o carro da rua, e nós estamos com problemas de mobilidade muito sérios." Segundo ele, é preciso mudar o paradigma de que todas as pessoas que trabalham precisam ir todos os dias da semana para a empresa.
Se pararmos pra pensar, com o caos da mobilidade urbana que vivemos nas grandes cidades, o home office é um primeiro passo para melhorar a qualidade de vida da população como um todo. O modelo de trabalho à distância pode ser adotado em uma série de setores, mas, de novo, é preciso planejamento e avaliação do profissional que vai poder trabalhar em casa. E como dissemos no começo, a tendência virou realidade.
Você também trabalha em casa ? gostou da matéria ? aproveite para também deixar seu comentário como é na sua empresa? Você acha que o modelo se encaixaria? é só deixar sua opinião logo mais abaixo.
FONTE- Talentoweb
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